O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

The Flanders... Punk Rock católico na veia!!



Esta entrevista ficou guardada nos arquivos do Jornal Sacro Via por mais de vinte anos e nunca havia sido publicada. Recentemente procurando material para este blog a encontrei e então resolvi postá-la como foi feita na época. A banda punk católica é curtida não apenas no circuito católico mas também secular e já lançou vários trabalhos bacanas de ouvir. Espero que todos gostem!!

2112 - Como e quando surgiu a idéia de formar o The Flanders?

Tchelão – A história do The Flanders é a seguinte. Eu sempre tive uma vontade grande de tocar punk rock e a cara do Rosa sempre foi outra, entendeu? Então surgiu uma oportunidade de juntar uma galera que é o Diego, o Paulo e hoje o 5 Minutos que sempre acompanhou a gente com o Rosa. E começamos a ensaiar como quem não quer nada e do ensaio gerou um christ tape como você mesmo fala. E aí vendeu legal, tal e chamou a atenção do Eraldo que é a cara da Codimuc gravadora nossa com o Rosa e acabou saindo o disco. Então o The Flanders começou meio numa brincadeira, mas graças a Deus o trabalho tá indo legal.

2112 – Podemos dizer que se trata de uma banda ou projeto paralelo ao Rosa de Saron?

Tchelão -  Não! Não é um projeto paralelo ao Rosa de Saron porque do Rosa só tem eu. O Flanders é uma banda e o Rosa é outra. São bandas diferentes, entendeu? O trabalho é junto... mas é direcionado para públicos diferentes. O lance do Flanders é pegar desde desde a criancinha com a música da formiguinha até uma pessoa de idade. E o Rosa já tem aquele direcionamento que a gente quer expandir também pra todo mundo. Mas o trabalho é junto, né? Os eventos a maior parte são os mesmos e o Flanders tem um lance que é tocar mais fora da igreja, se embrenhar no mundão aí para fazer as coisas.

2112 – O que os outros integrantes do Rosa acharam de tudo isso?

Tchelão – Integrantes do Rosa chegou a hora de se vingar (risos!). O que vocês acham do The Flanders?

Rogério Feltrin – Ah... a gente legal! Se o Tchelão tem vontade de fazer o som, tem o apoio da gente porque o sonho não tem preço, né cara? Se a gente for realmente amigo dele e for uma amizade em Deus tem que apoiar. Existe um sentimento que de repente seja até normal ter... tem é que brigar contra esse sentimento, buscar tá a favor porque é um trabalho acima de tudo pra Deus e que vai evangelizar um cara que o Rosa não conseguiu evangelizar.

Tchelão – Um dia o Fantástico entrevistou a gente e perguntou que banda ele vaiaria e aí ele falou The Flanders cara (risos). No Fantástico! Você imagina quantos milhões de pessoas ouviram isso (risos). Isso é brincadeira!

2112 – Diego, 5 Minutos e Paulo C. participam de outras bandas como você? Como surgiu o contato entre eles e você?

Tchelão – O Diego participou de uma outra banda que se chama Fé Ativa. É uma banda de Campinas que toca um som mais louvorzão. O Paulo sempre tocou com a Maria do Rosário, com Enes Gomes e com o Johnny das Paulinas. E o 5 Minutos também tocou com a Maria do Rosário (risos), com o Duzinho e com aquele cantor espanhol... É espanhol ou mexicano (confusão geral!)? Não? Foi só com o Duzinho na banda Sudário. Hoje ele tem uma banda paralela com o Grevão só para tocar em grupo de oração. O Grevão é o baterista, o 5 Minutos é o baixista e o Campos Filho, um cara de Campinas é o guitarrista e vocalista. O contato foi assim: o Diego a gente já conhecia dessa outra banda, é amigo nosso. O 5 Minutos anda com a gente há um tempão. O Paulo tembém sempre teve com a gente, então, foi um lance assim de pegar os amigos e fazer a coisa. Não teve que correr atrás não!

“É um trabalho acima de tudo pra Deus e que vai evangelizar um cara que o Rosa não conseguiu evangelizar.”
Feltrin

2112 – Vejo uma grande influência do atual hardcore americano no trabalho de vocês misturado ao som dos Ramones que um punk mais tradicional. Enfim, quais são as influências da banda?

Tchelão – Sinceramente tem um monte de coisa que a banda escuta. Coisas mais pesada, mais trash como Pantera... Mas a linha que a gente segue é a do punk rock melódico da Califórnia. A banda que eu adoro é o MxPx, que é uma banda cristã de punk rock. Para mim é uma das melhores... mas Ramones tá em tudo também. Todo mundo ouve e tal!! 

2112 – Você acha que o público católico vai entender a proposta do The Flanders?

Tchelão – Eu acho assim, cara. Quando a gente fez o Flanders era uma incógnita. O público católico ele é meio assim... Tem umas pessoas radicais e a gente fala de coisas do dia a dia da molecada, né? Então de repente a música do alienígena é uma coisa que muitos falam: “Nossa, tá falando de ET na igreja católica.” Mas não é isso! A gente tá falando que o jovem católico, pô, assiste televisão. O cara vai ao cinema pra assistir Pânico 3 e a gente fez uma brincadeira em cima do cotidiano do jovem. Então subir num pé de manga, falando do amor do outro que foi e levou o outro pro grupo de oração, a pamonha de Piracicaba. A gente brinca com o lance do vício, da pamonha junto com maconha.
No início a gente não sabia o que ia acontecer. Hoje a gente pode falar que a grande maioria parece ter entendido a proposta porque o cd tá saindo legal. E não é só a molecada que tá comprando. No Congresso de Aparecida uma  senhora comprou se não me engano 5 cd’s para dar pros netos. Então, se uma senhora de oitenta anos entendeu a proposta do Flanders e no Hallel a gente tocou no Hallelzinho pra criança de cinco, seis anos que cantavam a música da formiga, a música do anjo... então, o que a gente fala não é complicado não!
O lance do punk rocké uma coisa nova, né? São desafios que a gente encara mesmo! Deus planta a coisa no teu coração e Ele mostra que aquilo vai dar frutos, você tem que ser perseverante. Os profetas na Bíblia mandou o cara lá em Jericó e disse que na hora que tocasse uma corneta ia cair os muros de Jericó. Mas pro enviado de Deus cara, de repente se ele não tivesse fé ia falar: “Pô, eu vou lá, os caras vão tocar a trombeta, vai cair a muralha?” Ninguém derruba aquelas muralhas”. Mas o cara foi, acreditou em Deus... então, sei lá cara. Se Deus deu o desafio, a gente supera e manda ver.

2112 – Qual a origem do nome The Flanders?

Tchelão – É como eu falei pra você surgiu do seriado dos Simpsons. São os vizinhos dos Simpsons... uma família cristã muito louca. Então é meio a nossa carinha. 


2112 – Como aconteceu de Clemente líder do lendário grupo Inocentes e um dos mitos do punk rock brasileiro participar na faixa Pamonha de Piracicaba? Qual foi a reação dele? Vocês deram o cd para ele?

Tchelão – O Clemente a gente procurou como produtor. Ele é um cara que não é de igreja mas entende bastante a proposta da banda. E a gente queria um cara que tivesse essa pegada, que passasse pra gente um pouco dessa coisa mais punk mesmo. O trabalho dele no cd acabou nem sendo tão grande assim. Mas ele acabou produzindo uma parte da guitarra, uma parte da pré-produção e fez um skaizinho na Pamonha de Piracicaba. Dei o cd para ele e ele escutou... Depois falei com ele por telefone e ele disse que achou bem legal e existe até uma possibilidade da gente participar do Musicaos um programa da Rede Cultura que o Clemente é o diretor musical. É ele que seleciona as bandas que toca... Então nós estamos em conversa com ele. Se a coisa virar, acho que vai ser um marco para uma banda católica... tocar num programa assim fora do circuito católico e falando de Deus lá.

2112 – Como está os shows?

Tchelão – Os shows tão legal! Estamos fazendo bastante por aí. Ah, na maioria dos shows que a gente faz com o Rosa vai o Flanders e o Rosa, entendeu? A gente procura encaixar o Flanders pra que a galera conheça o nosso trabalho que ainda tá divulgando mesmo.

2112 – Você sempre foi um garoto muito doido?

Tchelão – Pô cara, eu fui um cara doido mesmo (risos)! Não do tipo de droga, tal, mas eu acho que eu sou. Eu não mudei minha personalidade... A única coisa é que antes eu falava uma coisa e hoje eu falo outra que é pro bem.

2112 – Algum recado?

Tchelão – Respeite seu pai, como alface, como quiabo, coma arroz e feijão pra crescer forte e sadio. Skate na veia, Deus no coração e Flanders no orelhão (risos)!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Breve história do Rock Brasileiro - Ayrton Mugnaini Jr.




Já que estamos falando de rock nacional nada como conhecer um pouco da sua história cercada de muitas e muitas lendas e pouquíssimas verdades...  E o que Mugnaini (autor do clássico livro Rock, o grito e o mito) nos oferece é um rápido passeio por um texto gostoso de ler e repleto de informações. Para quem não sabe o rock chegou as terras brazillis ainda nos anos 50 na voz dos cantores Nora Ney e Cauby Peixoto (?!?!). Breve história... pega desde os primeiros rockers, passando pela ingênua jovem guarda, pelos experimentalismos dos Mutantes e dos Tropicalistas, o surgimento do guru Raul Seixas, o rock dos anos 70, a explosão dos anos 80, a new wave, o underground citando vários grupos e artistas solos...
Vale a pena se inteirar da história de nossa música tão pouco valorizada mais que marcou para sempre a história do rock mundial.. Não deixem de ler o maravilhoso compêndio “Outras leituras, outras visões” citando o nome dos vários livros e artigos sobe o rock tupiniquim. Fodaço!!!